O ganho de escala depende de uma operação ao mesmo tempo artesanal e industrial de disparos, sempre acompanhada por pessoas, muitas pessoas, pois não há como automatizar a ativação de chips, a troca do chip na “chipeira” e outras operações recorrentes e necessárias.
Além de todos os pontos já levantados, ainda há a questão do monitoramento. É impossível, no meio digital, pensar em operações de marketing desta grandeza sem que haja algum tipo de retorno sobre a quantidade de pessoas atingidas, a quantidade de interações, de compartilhamentos, uma análise qualitativa sobre a efetividade das mensagens, entre outras coisas. Em envios de mensagem em massa no WhatsApp, não há, a princípio, nenhum tipo de maneira de acompanhar como o conteúdo foi recebido pelas pessoas. Joga-se a garrafa ao mar esperando que alguém leia e que goste do conteúdo da mensagem.
Especialistas de marketing digital, que já trabalharam em campanhas políticas internacionais recentes, relatam a importância da presença no que eles chamam de “grupos vivos”. Ao contrário dos grupos criados exclusivamente para fins de campanha, como os da iniciativa “Vem de Zap”, os grupos vivos são aqueles em que as pessoas estão organicamente reunidas por afinidades que não apenas aquela imediata de disseminação de conteúdo específico – são os grupos da família, da escola, do trabalho, da igreja e etc.
Nestes grupos, contam os especialistas, é importante que haja um número de celular “infiltrado” para acompanhar as discussões. Este número também estará conectado a uma ferramenta de automação. Porém, neste caso, em vez de enviar mensagens, a ferramenta vai apenas coletar o que está sendo dito, para que se possa analisar tanto os conteúdos compartilhados quanto a reação das pessoas a estes conteúdos. Não adianta os conteúdos circularem apenas nos grupos de apoiadores de um candidato, ele se torna efetivo apenas quando chega aos “grupos vivos” e é bem recebido.
Mas como infiltrar um robô em um grupo vivo? Para os grupos que não são abertos, é preciso que um membro o adicione. Por isso, percebemos que criar uma rede de monitoramento de grupos vivos de WhatsApp não se faz do dia para a noite. É algo que deve ser construído com o tempo e com a participação de pessoas que devem aceitar incluir esses números nos grupos dos quais fazem parte.
Da mesma maneira, o envio de spam generalizado, por mais segmentada que possa ser a lista, em grande quantidade, é menos efetivo do que ter uma mensagem compartilhada por uma pessoa real em um desses grupos vivos. Por isso, é importante criar uma rede de transmissão de conteúdo segmentada, mas apoiada na participação de pessoas reais em vários níveis, de maneira que as mensagens passem de grupo em grupo até chegarem aos grupos vivos e então às pessoas que não estão ativamente ligadas a nenhuma campanha.